Undomesticated Ground
A collective exhibition featuring Annette Brinckerhoff / Raquel Cardoso / Elmira Katasova / Francesca Faulin / Nina Fraser / Catarina Nogueira / Arta Raituma / Franka Struys
Studio Seco, Dec 2024
Undomesticated Ground brings together eight women with an artistic practice united through an intimate exploration with the natural environment and its elements. Referencing the book of Stacey Alaimo, of the same title, the ground is thus laid for an investigation into feminine perspectives of nature as a space for (re)creation, within the intersection of feminist theory, environmentalism, and the concept of nature itself.
Catarina Nogueira presents nature as a primordial space of encounter and communion with our origins, a place that guides us towards balance, towards an innate wholesomeness. Through relating with the natural world, “we encounter a feeling of belonging, an ancestral connection, a kind of nest and a desired path back home”. Drawing her inspiration from mythological and cosmological systems, the Latvian artist Arta Raituma shares her exploratory process through application of fire to wood, using both accumulative and reductive techniques that reveal symbolic gestures.
Whilst Arta harnesses the humble match as her creative tool, Nina Fraser welds a domestic iron to redefine the mediums of collage, printmaking and drawing through a frottage technique that excavates the printed image for its material resource. Drawing our direction to the ground, Nina implores a plant orientated form of thinking ‘on its head’, unsettling our notions of categorization, within the plant world and within artistic disciplines.
Insisting on both exposure and on rooting, the artists in this exhibition pose questions surrounding notions of belonging and displacement. Exploring the immersive action of reclaiming place within both the body and the surrounding locality, the medium of photography enables artists Francesca Faulin and Elmira Katasova to ground themselves into their respective homes. Elmira evokes the erotic, but behind the seductive side of her photography lies a many layered tale of territories destroyed and encountered, as a mother who has also recently escaped from the devastation of the war in Ukraine. Francesca, through a subtle gesture of alignment to her surroundings, draws body connections with shape and form - a gesture of homage utilising the domesticity of a bedsheet to enact a space of reverence for nature - a threshold of care and interdependence that is also demonstrated through the use of local oak gall toning in the cyanotype printing process.
Annette Birckenhoff creates botanical prints using phytochemicals directly from inside the plants cell wall, binding with minerals that influence colour and saturation. Through her work is an ongoing investigation into seasonal herbariums that capture a moment in time and place. Feminine cycles in nature are fertile ground for exploration through the artist practices of Franka Struys and Raquel Cardoso, using natural elements from their surroundings as pigments or structures, transversing the boundaries between inside and outside, studio and habitat. Both artists explore the female body as a vessel, from childbirth through to menopause, expressed through gestures of intense colour that embody the paradoxical nature of systems of renewal and regeneration.
In her book, Stacey Alaimo critiques representations of nature as a passive, objectified space, often tied to patriarchal systems of domination. The idea of “undomesticated ground” - as of the works featured in this show - challenges the tendency to domesticate and control both nature and women, recasting nature as a feminist space that offers a transformative framework for understanding ecological and social struggles. Instead, nature becomes an active, dynamic entity that can be reclaimed as a feminist space, where gender, power, and environmental concerns converge.
Nina Fraser, 2024
PT
Undomesticated Ground reúne oito mulheres com uma prática artística unida através de uma exploração íntima do ambiente natural e dos seus elementos. Fazendo referência ao livro de Stacey Alaimo, com o mesmo título, é assim lançado é assim lançado o terreno para uma investigação sobre as perspectivas femininas da natureza enquanto espaço de (re)criação, na intersecção da teoria feminista, do ambientalismo e do próprio conceito de natureza.
Catarina Nogueira apresenta a natureza como um espaço primordial de encontro e comunhão com as nossas origens, um lugar que nos orienta para o equilíbrio, para uma plenitude inata. Através da relação com o mundo natural, “encontramos um sentimento de pertença, uma ligação ancestral, uma espécie de refúgio e um caminho desejado de regresso a casa”. Inspirando-se em sistemas mitológicos e cosmológicos, a artista letã Arta Raituma partilha o seu processo exploratório através da aplicação do fogo à madeira, utilizando técnicas acumulativas e redutoras que revelam gestos simbólicos.
Enquanto Arta utiliza o humilde fósforo como ferramenta criativa, Nina Fraser solda um ferro doméstico para redefinir os meios da colagem, da gravura e do desenho através de uma técnica de frottage que escava a imagem impressa para o seu recurso material. Desenhando a nossa direção para o chão, Nina implora uma forma de pensamento orientada para as plantas “de pernas para o ar”, perturbando as nossas noções de categorização, no mundo das plantas e nas disciplinas artísticas.
Insistindo tanto na exposição como no enraizamento, as artistas desta exposição colocam questões em torno das noções de pertença e de deslocação. Explorando a ação imersiva de reclamar um lugar tanto no corpo como no território circundante, o meio fotográfico permite às artistas Francesca Faulin e Elmira Katasova enraizarem-se nas suas respectivas casas. Elmira evoca o erótico, mas por detrás do lado sedutor da sua fotografia encontra-se uma história multifacetada de territórios destruídos e encontrados, enquanto mãe que também escapou recentemente da devastação da guerra na Ucrânia. Francesca, através de um gesto subtil de alinhamento com o que a rodeia, estabelece ligações corporais com a forma e o formato - um gesto de homenagem que utiliza a domesticidade de um lençol para criar um espaço de reverência pela natureza - um limiar de cuidado e interdependência que também é demonstrado através da utilização de galha de carvalho local no processo de impressão com cianotipia.
Annette Birckenhoff cria impressões botânicas utilizando fitoquímicos diretamente do interior da parede celular das plantas, ligando-se a minerais que influenciam a cor e a saturação. O seu trabalho é uma investigação contínua sobre herbários sazonais que captam um momento no tempo e no lugar. Os ciclos femininos na natureza são um terreno fértil para a exploração através das práticas artísticas de Franka Struys e Raquel Cardoso, que utilizam elementos naturais do seu meio envolvente como pigmentos ou estruturas, transpondo as fronteiras entre o interior e o exterior, o estúdio e o habitat. Ambas as artistas exploram o corpo feminino como um recipiente, desde o parto até à menopausa, expresso através de gestos de cor intensa que encarnam a natureza paradoxal dos sistemas de renovação e regeneração.
No seu livro, Stacey Alaimo crítica as representações da natureza como um espaço passivo e objectificado, frequentemente ligado a sistemas patriarcais de dominação. A ideia de undomesticated ground - tal como acontece com as obras apresentadas nesta exposição - desafia a tendência para domesticar e controlar tanto a natureza como as mulheres, reformulando a natureza como um espaço feminista que oferece um quadro transformador para a compreensão das lutas ecológicas e sociais. Em vez disso, a natureza torna-se uma entidade ativa e dinâmica que pode ser reclamada como um espaço feminista, onde convergem o género, o poder e as preocupações ambientais.
Nina Fraser, 2024
A collective exhibition featuring Annette Brinckerhoff / Raquel Cardoso / Elmira Katasova / Francesca Faulin / Nina Fraser / Catarina Nogueira / Arta Raituma / Franka Struys
Studio Seco, Dec 2024
Undomesticated Ground brings together eight women with an artistic practice united through an intimate exploration with the natural environment and its elements. Referencing the book of Stacey Alaimo, of the same title, the ground is thus laid for an investigation into feminine perspectives of nature as a space for (re)creation, within the intersection of feminist theory, environmentalism, and the concept of nature itself.
Catarina Nogueira presents nature as a primordial space of encounter and communion with our origins, a place that guides us towards balance, towards an innate wholesomeness. Through relating with the natural world, “we encounter a feeling of belonging, an ancestral connection, a kind of nest and a desired path back home”. Drawing her inspiration from mythological and cosmological systems, the Latvian artist Arta Raituma shares her exploratory process through application of fire to wood, using both accumulative and reductive techniques that reveal symbolic gestures.
Whilst Arta harnesses the humble match as her creative tool, Nina Fraser welds a domestic iron to redefine the mediums of collage, printmaking and drawing through a frottage technique that excavates the printed image for its material resource. Drawing our direction to the ground, Nina implores a plant orientated form of thinking ‘on its head’, unsettling our notions of categorization, within the plant world and within artistic disciplines.
Insisting on both exposure and on rooting, the artists in this exhibition pose questions surrounding notions of belonging and displacement. Exploring the immersive action of reclaiming place within both the body and the surrounding locality, the medium of photography enables artists Francesca Faulin and Elmira Katasova to ground themselves into their respective homes. Elmira evokes the erotic, but behind the seductive side of her photography lies a many layered tale of territories destroyed and encountered, as a mother who has also recently escaped from the devastation of the war in Ukraine. Francesca, through a subtle gesture of alignment to her surroundings, draws body connections with shape and form - a gesture of homage utilising the domesticity of a bedsheet to enact a space of reverence for nature - a threshold of care and interdependence that is also demonstrated through the use of local oak gall toning in the cyanotype printing process.
Annette Birckenhoff creates botanical prints using phytochemicals directly from inside the plants cell wall, binding with minerals that influence colour and saturation. Through her work is an ongoing investigation into seasonal herbariums that capture a moment in time and place. Feminine cycles in nature are fertile ground for exploration through the artist practices of Franka Struys and Raquel Cardoso, using natural elements from their surroundings as pigments or structures, transversing the boundaries between inside and outside, studio and habitat. Both artists explore the female body as a vessel, from childbirth through to menopause, expressed through gestures of intense colour that embody the paradoxical nature of systems of renewal and regeneration.
In her book, Stacey Alaimo critiques representations of nature as a passive, objectified space, often tied to patriarchal systems of domination. The idea of “undomesticated ground” - as of the works featured in this show - challenges the tendency to domesticate and control both nature and women, recasting nature as a feminist space that offers a transformative framework for understanding ecological and social struggles. Instead, nature becomes an active, dynamic entity that can be reclaimed as a feminist space, where gender, power, and environmental concerns converge.
Nina Fraser, 2024
PT
Undomesticated Ground reúne oito mulheres com uma prática artística unida através de uma exploração íntima do ambiente natural e dos seus elementos. Fazendo referência ao livro de Stacey Alaimo, com o mesmo título, é assim lançado é assim lançado o terreno para uma investigação sobre as perspectivas femininas da natureza enquanto espaço de (re)criação, na intersecção da teoria feminista, do ambientalismo e do próprio conceito de natureza.
Catarina Nogueira apresenta a natureza como um espaço primordial de encontro e comunhão com as nossas origens, um lugar que nos orienta para o equilíbrio, para uma plenitude inata. Através da relação com o mundo natural, “encontramos um sentimento de pertença, uma ligação ancestral, uma espécie de refúgio e um caminho desejado de regresso a casa”. Inspirando-se em sistemas mitológicos e cosmológicos, a artista letã Arta Raituma partilha o seu processo exploratório através da aplicação do fogo à madeira, utilizando técnicas acumulativas e redutoras que revelam gestos simbólicos.
Enquanto Arta utiliza o humilde fósforo como ferramenta criativa, Nina Fraser solda um ferro doméstico para redefinir os meios da colagem, da gravura e do desenho através de uma técnica de frottage que escava a imagem impressa para o seu recurso material. Desenhando a nossa direção para o chão, Nina implora uma forma de pensamento orientada para as plantas “de pernas para o ar”, perturbando as nossas noções de categorização, no mundo das plantas e nas disciplinas artísticas.
Insistindo tanto na exposição como no enraizamento, as artistas desta exposição colocam questões em torno das noções de pertença e de deslocação. Explorando a ação imersiva de reclamar um lugar tanto no corpo como no território circundante, o meio fotográfico permite às artistas Francesca Faulin e Elmira Katasova enraizarem-se nas suas respectivas casas. Elmira evoca o erótico, mas por detrás do lado sedutor da sua fotografia encontra-se uma história multifacetada de territórios destruídos e encontrados, enquanto mãe que também escapou recentemente da devastação da guerra na Ucrânia. Francesca, através de um gesto subtil de alinhamento com o que a rodeia, estabelece ligações corporais com a forma e o formato - um gesto de homenagem que utiliza a domesticidade de um lençol para criar um espaço de reverência pela natureza - um limiar de cuidado e interdependência que também é demonstrado através da utilização de galha de carvalho local no processo de impressão com cianotipia.
Annette Birckenhoff cria impressões botânicas utilizando fitoquímicos diretamente do interior da parede celular das plantas, ligando-se a minerais que influenciam a cor e a saturação. O seu trabalho é uma investigação contínua sobre herbários sazonais que captam um momento no tempo e no lugar. Os ciclos femininos na natureza são um terreno fértil para a exploração através das práticas artísticas de Franka Struys e Raquel Cardoso, que utilizam elementos naturais do seu meio envolvente como pigmentos ou estruturas, transpondo as fronteiras entre o interior e o exterior, o estúdio e o habitat. Ambas as artistas exploram o corpo feminino como um recipiente, desde o parto até à menopausa, expresso através de gestos de cor intensa que encarnam a natureza paradoxal dos sistemas de renovação e regeneração.
No seu livro, Stacey Alaimo crítica as representações da natureza como um espaço passivo e objectificado, frequentemente ligado a sistemas patriarcais de dominação. A ideia de undomesticated ground - tal como acontece com as obras apresentadas nesta exposição - desafia a tendência para domesticar e controlar tanto a natureza como as mulheres, reformulando a natureza como um espaço feminista que oferece um quadro transformador para a compreensão das lutas ecológicas e sociais. Em vez disso, a natureza torna-se uma entidade ativa e dinâmica que pode ser reclamada como um espaço feminista, onde convergem o género, o poder e as preocupações ambientais.
Nina Fraser, 2024